MORRE BOLSONARO

Um jornal só de obituários, necrológios e textos alegremente fúnebres

Ronaldo Bressane
3 min readOct 22, 2019

O coletivo La Tosca uniu-se à editora Reformatório para lançar um pasquim inspirado na notícia que todos querem ler em todos os jornais de manhã. Convidamos 28 artistas, que toparam imaginar, na faixa, esse novo mundo onde os ares seriam muito mais respiráveis…

VENENO NO CULTO

Mexe co’s Macuxi pr’ocê ver

[por Sérgio Sant’Anna]

38º Presidente da República Federativa do Brasil, Jair Messias Bolsonaro faleceu neste domingo, 15 de setembro de 2019, vítima de uma flecha envenenada, ao comparecer, junto com sua esposa Michelle Bolsonaro e seu filho Flávio Bolsonaro a um culto da Igreja Universal do Reino de Deus, celebrado pelo bispo Edir Macedo, em território dos índios Macuxi, em Roraima. O culto, celebrado com forte proteção militar, comandada pelo general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, corria muito bem, com os Macuxi contemplando curiosos e um pouco afastados a cerimônia, vestidos com trajes guerreiros e carregando bordunas rituais. Mas aconteceu que, no momento em que eram recolhidos, como oferendas, pequenos objetos de ouro dos indígenas, por um bispo auxiliar de Macedo e pelo filho do presidente, Flávio Bolsonaro, que carregavam cada um uma grande sacola, foi disparada, não se sabe por quem, vinda da mata, uma flecha envenenada que atingiu o presidente na região glútea. Tal veneno, recolhido de várias serpentes da região, conforme laudo do perito do exército, fez com que Jair Bolsonaro misturasse movimentos militares de ordem unida, como parecia pretender, com uma coreografia indígena, que, segundo o sertanista Augusto Moura Boas, é destinada a comemorar a morte de um inimigo traiçoeiro.

E Jair Messias Bolsonaro não demorou mais do que cinco minutos a falecer, apesar de todos os esforços da equipe médica que o acompanhava. Pensou-se aniquilar os índios ali mesmo, mas, tomando a si o comando, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, que também acompanhava o grupo de autoridades, mandou que todos baixassem os seus fuzis, desde que os indígenas não atacassem mais, o que eles não fizeram. Explicou o general a um repórter da Rede Globo que antes que se tomasse qualquer atitude, que poderia ser a de declarar guerra aos índios, o que traria enorme repercussão nacional e internacional, era preciso que todos os aspectos de uma linha sucessória presidencial fossem discutidos em Brasília, para onde ele embarcaria imediatamente de helicóptero.

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Ronaldo Bressane

Escritor, jornalista, editor, professor de escrita criativa, tradutor. Leia mais textos meus em http://ronaldobressane.com.